Publicado em 2 comentários

MICROBIOMA E PROBIÓTICOS – DO INTESTINO À MARTE

microbioma e probióticos

O que microbioma e probióticos têm a ver com Marte?

Assim como o ser humano, que há várias décadas busca encontrar substrato biológico em estrelas e outros planetas, para que um dia possa ter uma opção viável para sua sobrevivência, é possível que muitos microrganismos, sobretudo as bactérias e, por que não?, os vírus que as infectam, também tenham feito isso, com sucesso, há vários milênios, e,por isso, hoje, mantêm uma relação mutual de convivência com o ser humano.

Assim, temos microrganismos instalados, nos mais diversos sítios do corpo humano. Entre esses, o microbioma intestinal tem papel fundamental para o equilíbrio fisiológico e a sobrevivência da nossa espécie.

Resultado de imagem para microbioma

Que nível de ‘‘agressão’’ é necessário para que esses microrganismos assumam seus novos hospedeiros? Qual o melhor caminho para isso? E, ainda, como fazem para, mesmo que sejam ‘‘criaturas estranhas’’, ganhar o benefício da tolerância imunológica?

Essas são perguntas que por muito tempo ficaram alocadas em uma nuvem de incertezas. Elas provavelmente passaram pela cabeça de Nissle e Metchnikoff, mas que nas últimas décadas, em parte, têm sido esclarecidas.

ESTUDOS GERM-FREE

Os estudos com animais do tipo germ-free ratificaram a existência do eixo neuro-imuno-endócrino. Assim também a importância, ou melhor, a necessidade de se ter uma colonização adequada e precoce da microbiota, para o desenvolvimento morfofisiológico desses respectivos sistemas orgânicos.

Mas, quão precoce seria essa colonização? Segundo os estudos clássicos e o consenso científico, até alguns anos atrás todo ser humano, ao nascimento, teria seu trato intestinal e o conteúdo desse totalmente estéreis. Sendo assim, as primeiras indicações de contaminação bacteriana só seriam reconhecidas algumas horas após o parto.

No entanto, com o desenvolvimento de novas técnicas de identificação desses microrganismos, muitos são os estudos que já detectaram a presença de DNA de bactérias, como algumas espécies de lactobacilos, bifidobactérias, enterococos e clostrídios, tanto no útero, na placenta e no líquido amniótico de gestantes quanto no mecônio de recém-nascidos.

Essas descobertas, embora questionáveis ainda, pela necessidade de maior reprodutibilidade dos resultados, abrem uma perspectiva grande para o uso de cepas probióticas no campo das estratégias de prevenção pré e perinatais de doenças como as alergias, as alterações metabólicas e os distúrbios do comportamento.

Resultado de imagem para microbioma

MICROBIOMA E PROBIÓTICOS – MODULAÇÃO DA MICROBIOTA INTESTINAL POR MEIO DE CEPAS PROBIÓTICAS

O racional para essas novas perspectivas de modulação da microbiota intestinal, por meio de cepas probióticas, estaria diretamente relacionado aos processos disbióticos que atingem precocemente as crianças, sobretudo em uma fase decolonização e maturação da microbiota intestinal.

Quer seja pelos fatores pré e perinatais, como o uso de antibióticos na gravidez, no parto ou no puerpério, a maior prevalência de partos cesarianos ou pelos fatores pós-natais, como o menor tempo de aleitamento materno e a introdução de dieta qualitativamente inadequada, além do uso indiscriminado de antibióticos na faixa etária pediátrica.

Essa situação de disbiose estaria relacionada ao incremento exponencial de doenças não transmissíveis na infância. Tanto em curto prazo, ainda lactentes, quanto em longo prazo, quando adolescentes ou adultos.

Leia também: MICROBIOMA HUMANO – SAIBA MAIS SOBRE ELE

O QUE SÃO PROBIÓTICOS?

Por definição, seriam ‘‘microrganismos vivos que quando administrados em quantidades adequadas conferem benefício à saúde do hospedeiro’’. No entanto, essa é uma definição ampla que não especifica os tipos, as rotas de administração, os alvos e os possíveis efeitos na saúde
humana.

Por isso, o entendimento sobre a especificidade de cepas é fundamental nesse contexto. Ou seja, os efeitos cientificamente comprovados, alcançados por uma espécie bacteriana isoladamente, não podem ser atribuídos a outras espécies ou mesmo a combinações de espécies, assim como a outros gêneros de microrganismos.

Historicamente, desde o início do século XX, quando Ellie Metchnikoff atribuiu a longevidade dos camponeses búlgaros à dieta rica em leite fermentado (com presença marcante de Lactobacillus bulgaricus), uma série de outras espécies de lactobacilos tem mostrado capacidade probiótica, como L. acidophilus, L. rhamnosus, L. reuterii, L. casei, L. fermentum, L. gasseri, L. johnsonii, L. paracasei, L. plantarum.

Assim como outras bactérias acidoláticas, como as bifidobactérias B. adolescentis, B. animalis, B. bifidum, B. breve e B. longum. Além de outros microrganismos, como alguns bacilos não acidoláticos (Bacilus clausii e Bacillus coagulans). Assim também espécies não patogênicas de Escherichia coli e alguns fungos como o Saccharomyces boulardii.

NOVOS ELEMENTOS MUTUAIS DA MICROBIOTA INTESTINAL – MICROBIOMA E PROBIÓTICOS

Recentemente, novos elementos mutuais da microbiota intestinal mostraram capacidade probiótica e têm sido considerados uma promissora nova geração, entre os quais se destacariam Akkermansia muciniphila, Faecalibacterium prausnitzii, Roseburia spp. e Eubacterium hallii.

Resultado de imagem para microbioma

Por conta disso, tem sido exponencial o crescimento dos estudos com probióticos. Quer sejam pesquisas na área básica ou estudos clínicos, nas mais diferentes especialidades médicas. Fato esse que tem gerado várias análises subsequentes, por meio de guias, revisões simples, revisões sistemáticas da literatura ou metanálises.

ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE ALERGIA (WAO)

A WAO em recente guia, sugere como recomendações: o uso de probióticos na grávida e lactante de risco para atopia; e no lactente com o mesmo perfil de risco para desenvolvimento de alergias, por considerar estratégia benéfica na prevenção do eczema atópico, e, dessa maneira, diminuir a possibilidade de evolução da ‘‘marcha alérgica’’, com posterior aparecimento de rinite alérgica e/ou asma.

Tais recomendações desencadearam críticas acadêmicas, pela ausência de especificidade de cepa nas indicações. Em contrapartida, outros especialistas em pediatria imunologia, consideram tais recomendações corretas e corajosas. Isto porque transparecem uma posição baseada em inúmeros estudos, com elevado nível de evidência científica.

POR QUE INDICAR CEPAS ESPECÍFICAS?

Levando em consideração microbioma e probióticos, a resposta é simples!

Porque ainda não temos estudos suficientes, com mesmo desenho, tipo de cepa e objetivos finais semelhantes. Por exemplo, no contexto otorrinolaringológico, recente revisão sistemática da Cochrane, que envolveu 3.720 participantes (adultos e crianças), mostrou que os probióticos são estatisticamente capazes de reduzir o número de infecções das vias aéreas superiores (IVAS), sua duração, o uso de antibiótico e o absenteísmo escolar/trabalho.

No entanto, os próprios autores reconhecem a fragilidade das conclusões ao analisar estudos com diferentes espécies de cepas, em diferentes populações etárias. Ou seja, nesse caso ‘‘os meios não justificariam o fim’’.

Assim, em conclusão, acredita-se que a busca pelo desconhecido faça parte da natureza humana. Enquanto, em nível espacial, Marte nos traz informações promissoras, mas ainda distante em servir como próxima colônia humana.

Por outro lado, a microbiota intestinal está cada vez mais mapeada. Com identificação de novas espécies, novas interfaces e novos mecanismos. Isto ratifica de maneira irrefutável sua importância. Assim como a dos probióticos, como estratégia de prevenção e tratamento para muitas doenças que atingem a nossa sociedade moderna.

VISITE NOSSO SITE E CONHEÇA NOSSOS PRODUTOS!

REFERÊNCIA:

Microbioma e probióticos: do intestino à Marte, Bruno Acatauassú Paes Barreto, 2018.

Publicado em 4 comentários

ANTIBIÓTICOS – COMO RECUPERAR A MICROBIOTA

antibióticos

Sabemos que a descoberta dos antibióticos trouxe para a humanidade a solução de vários problemas de saúde, inclusive evitando mortes prematuras. No entanto, o uso indiscriminado desses compostos  provoca o aumento da resistência e a potencial disseminação de genes de resistência para bactérias patogênicas.

Vamos entender?

Então vamos nessa!

USO INDISCRIMINADO DE ANTIBIÓTICOS

Às vezes, um desequilíbrio na microbiota intestinal comensal devido à administração de antibióticos pode resultar em problemas intestinais, como a diarreia. Além disso, já foi demonstrado que mesmo a administração de antibióticos a curto prazo pode levar à estabilização de populações bacterianas resistentes no intestino humano que persistem por anos. Na figura abaixo podemos ver a representação do efeito antibiótico sobre a microbiota intestinal a longo do tempo, evidenciando-se assim a diminuição das espécies microbianas ali residentes.

antibióticos
Fonte: Jernberg C, et al. 2010

MICROBIOTA INTESTINAL

A microbiota intestinal humana forma um ecossistema complexo e equilibrado. Perturbações deste ecossistema podem desempenhar um papel no surgimento de infecções, obesidade, diabetes bem como de patologias inflamatórias e neurológicas. Um estudo recente demonstrou que em jovens adultos com boa saúde, a microbiota intestinal é recuperável após uso de antibióticos. Contudo, a restauração quase completa precisa de cerca de 6 meses, sendo que algumas espécies não são mais recuperadas.

antibiótico com cautela


O QUE FAZER PARA QUE NOSSA MICROBIOTA NÃO SEJA AFETADA?

Se você precisa realmente tomar antibióticos, use concomitante com probióticos, pois os  probióticos podem reduzir o risco de certas doenças infecciosas e, assim, reduzir a necessidade de antibióticos. Além disso, os probióticos podem reduzir o risco de diarreia associada a antibióticos.

Leia também: MAS AFINAL, O QUE É PROBIÓTICO?

Embora essa correlação ainda necessite de mais estudo comprobatórios, MANTER uma microbiota equilibrada durante o uso de antibióticos pode certamente fornecer oportunidades para reduzir a disseminação de resistências.

VISITE NOSSO SITE E CONHEÇA NOSSOS PRODUTOS!

REFERÊNCIAS:

Jernberg C, et al. Long-term impacts of antibiotic exposure on the human intestinal microbiota. Microbiology. 2010; 56: 3216-3223; 

Ouwehand, A.C. et al. Probiotic approach to prevent antibiotic resistance. Ann. Med. 2016; 48(4): 246-55;

Palleja A, et al. Recovery of gut microbiota of healthy adults following antibiotic exposure. Nature Microbiol 2018 ; 3 : 1255-65.

Publicado em

MICROBIOMA E CÂNCER – QUAL A CONEXÃO?

microbioma e câncer

Você sabe qual a relação existente entre microbioma e câncer?

Vamos tentar entender?

Então vamos nessa!

MICROBIOMA HUMANO

Desde que foi desvendado o microbioma humano, no ano de 2012, que os pesquisadores do mundo inteiro têm se debruçado para  conhecer mais esse microuniverso. Sendo assim, muitas surpresas têm surgido na área da saúde. Um dos exemplos é observar que quase todo mundo carrega rotineiramente patógenos, microrganismos que causam doenças. No entanto, em indivíduos saudáveis, tais patógenos não causam doenças. Dessa maneira, eles simplesmente coexistem com o hospedeiro e o resto do microbioma humano.

MICROBIOMA HUMANO E CÂNCER

Em relação ao câncer, alterações da microbiota são encontradas em diversos tipos de carcinomas, sendo associados a quadros de disbiose que comprometem a barreira intestinal, e consequente aumenta a translocação bacteriana, causando inflamação e ação de toxinas intestinais. Por outro lado, efeitos antitumorais estão associados com a “boa” colonização do microbioma intestinal.

microbiota

Em fevereiro de 2018, estudos do Instituto Nacional do Câncer foram publicados na revista Science, tendo sido identificados grupos de bactérias gastrointestinais “boas” ou “ruins”  para influenciar nos benefícios dos pacientes a imunoterapia. Os pacientes que tinham muitas bactérias “boas” responderam mais positivamente aos medicamentos, enquanto pacientes com menos bactérias “boas” – ou muitas bactérias “ruins” – não tiveram uma resposta positiva à imunoterapia. Este tipo de imunoterapia, que utiliza o sistema imunológico para combater as células cancerosas, é um coquetel de drogas que ajudam o sistema imunológico a responder mais fortemente aos tumores.

Leia também: KEFIR – AUXILIO CONTRA O CÂNCER

DIETA, MICROBIOMA E CÂNCER

Enquanto os estudos prosseguem, nós podemos usar a dieta como forma de prevenir o câncer, pois quando comemos muitos produtos industrializados e pouca verdura nossa microbiota se altera. Devemos então fazer uma mudança gradativa, começando por introduzir mais probióticos e prebióticos em nossa dieta. Mais fibras, menos açúcar, gorduras e carnes, pois esses são alimentos para as más bactérias.

Os probióticos mais comuns são o fermentados lácteos como iogurte e Kefir, porém temos outros tipos de fermentados como o Kefir de Frutas, a Kombucha, o chucrute bem como o missô. Todos estes fermentados aportam microrganismos vivos, que, em quantidades adequadas, produzem efeitos benéficos para a saúde. Utilizados rotineiramente podem melhorar a digestão, fazer a melhor conexão entre o cérebro e o intestino, sendo a primeira linha de defesa contra o câncer. Portanto, bactérias do intestino saudável podem tornar a imunoterapia mais eficaz.

VISITE NOSSO SITE E CONHEÇA NOSSOS PRODUTOS!

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Helmink, B.A. et al. The microbiome, cancer, and cancer therapy. Nature Medicine, volume 25, pages377–388 (2019)

Pouncey, A.L. et al. Gut microbiota, chemotherapy and the host: the influence of the gut microbiota on cancer treatment. 2018 Sep 5;12:868.

Vancheswaran Gopalakrishnan et al. The influence of the gut microbiome on cancer, immunity, and cancer immunotherapy. Perspective, vol. 33, issue 4, p570-580, 2018.

Publicado em

MICROBIOTA HUMANA – POR QUE ELA É IMPORTANTE?

microbiota humana

Qual a importância da microbiota humana? Quais as discussões que permeiam este tema?

Vamos tentar entender?

Então vamos nessa!

MICROBIOTA HUMANA

Os microrganismos antigamente eram considerados inimigos do homem, dessa forma tudo era pensado no sentido de combater e matar todo tipo que parecia suspeito, foi a época áurea dos antibióticos.

Nas últimas décadas, ao ser desvendado o microbioma humano, onde se descobre que temos mais células microbianas que células humanas, o panorama e os tipos de tratamentos começam a mudar de sentido. Sendo assim, os microrganismos passam a ser uma parte integrante do nosso corpo e responsáveis por uma série de funções vitais. Dessa maneira, precisamos cuidar e saber que tipos de interações existem entre nossas células e as células dos microrganismos.

As comunidades microbianas, seus metabólitos bem como os demais componentes não são necessários apenas para a homeostase imunológica. Além disso, eles também influenciam a suscetibilidade do hospedeiro a muitas doenças e distúrbios imunomediados.

Associadas à disbiose intestinal – alterações composicionais e funcionais do microbioma intestinal. vários estudos já provaram as interações entre os microrganismos que habitam nosso corpo e doenças como asma, autismo, câncer, colite, diabetes, doenças cardíacas, obesidade bem como esclerose múltipla.

Leia também: MICROBIOTA INTESTINAL DANIFICADA – 10 SINAIS

A MICROBIOTA HUMANA AFETA VÁRIAS ÁREAS DA VIDA

  1. Digestão do leite materno – depende principalmente da quantidade das Bifidobacterium;
  2. Digestão das fibras – certas bactérias são responsáveis por digerir as fibras em nosso organismo, assim também produzir os ácidos graxos de cadeia curta. Dessa forma se previne a obesidade, diabete, doenças cardíacas bem como o risco de câncer;
  3. Ajuste do sistema imunológico – ao se comunicar com as células do sistema imunológico, o microbiota intestinal pode controlar como o corpo responde à infecções;
  4. Controle da saúde cerebral – a microbiota intestinal se comunica com o sistema nervoso central. É provável, que seja através das vias neurais, endócrinas e imunes – influenciando na função e no comportamento do cérebro;
  5. A microbiota intestinal – está diretamente ligada à ansiedade, humor, cognição assim também a dor, sendo o conceito emergente de um eixo microbiota-intestino-cérebro sugestivo para a modulação da microbiota intestinal, o que pode ser uma importante estratégia para prevenir doenças. Sendo assim, estamos na época áurea dos probióticos.
microbiota humana

Dessa forma, a suplementação com probióticos para melhorar o microbioma humano reflete diretamente na melhoria das condições da saúde humana, desde a proteção contra a infecção até diferentes efeitos positivos extra e intra-intestinais.

VISITE NOSSO SITE E CONHEÇA NOSSOS PRODUTOS!

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Arboleya, S., Walkins, C., Stanton, C. Ross, R.P. Gut Bifidobacteria Populations in Human Health and Aging. Front Microbiol. 2016; 7: 1204.

Cryan, J.F., Dinan, T.G. Mind-altering microorganisms: the impact of the gut microbiota on brain and behaviour. Nat Rev Neurosci. 2012 Oct;13(10):701-12.

Levy,  M., Kolodziejczyk , A.A., Thaiss,  C.A., Elinav,  E. Dysbiosis and the immune system. Nat Rev Immunol. 2017 Apr;17(4):219-232.

Slavin, J. Fiber and Prebiotics: Mechanisms and Health Benefits. Nutrients. 2013 Apr; 5(4): 1417–1435.

Publicado em

MICROBIOMA HUMANO – SAIBA MAIS SOBRE ELE

MICROBIOMA HUMANO

Que tal conhecer um pouco mais sobre o microbioma humano?

Vamos lá então!

Desde o nosso nascimento, vivemos em simbiose com centenas de bilhões de microrganismos. O seu número é mais de 10 vezes o das nossas células. O seu peso excede o do nosso cérebro.

Para ilustrar essa coexistência, podemos comparar nosso corpo com a terra e os micróbios com os organismos vivos que o povoam.

microbioma humano

Cada população tem um ecossistema e um habitat favorável, assim como alguns animais preferem viver no deserto ou no mar. Nós encontramos esses microrganismos em todos os cantos do corpo. No nariz, na pele, na boca, nos ouvidos, nos olhos, nos brônquios e pulmões, e, obviamente, no trato digestivo.

É essa população de micróbios que chamamos de microbiota humana. E o conjunto de genes que esses micróbios possuem é chamado de microbioma.

É no estudo do microbioma humano que muitos pesquisadores depositam suas esperanças em encontrar uma cura para doenças como câncer, asma e obesidade.

De fato, uma diferença entre as proporções de microrganismos bons e ruins em pessoas com essas condições e indivíduos saudáveis poderia ser a causa dessas doenças.

A HISTÓRIA DO MICROBIOMA HUMANO

O microbioma humano ainda é pouco conhecido pelos cientistas, pelo fato de que a descoberta é muito recente. Dessa forma, a grande aventura do microbioma começou há apenas poucos anos.

O projeto chamado Projeto microbioma humano foi lançado em 2007 nos Estados Unidos pelo Instituto Nacional de Saúde (NIH). O projeto consiste em sequenciar o genoma de todos os microrganismos que habitualmente vivem em nosso corpo. Dessa maneira, compreender sua influência e seu papel na saúde humana.

Até agora, foram coletadas amostras de várias áreas do corpo. Incluindo boca, garganta, nariz, trato digestivo, trato urogenital feminino e vários locais na pele.

Em 2008, um banco de dados contendo 600 genomas de microrganismos orais foi projetado pelo Instituto Americano de Pesquisa Odontológica em parceria com vários países para facilitar o acesso livre e o trabalho colaborativo.

MICROBIOTA E MICROBIOMA: NÃO CONFUNDA!

Em todos os textos que tratam desse novo campo de pesquisa, usamos os dois termos que não têm exatamente o mesmo significado. É a mesma diferença entre o gene e o genoma, em suma.

Em outras palavras, a microbiota é todos os nossos micróbios. E o microbioma humano é a soma de seus genes. É também o lugar onde esses micróbios vivem. A microbiota é cem mil bilhões de bactérias que a maioria de nós deseja. O microbioma é o planeta deles.

microbioma humano

Como seres humanos, animais ou plantas que são desigualmente distribuídas na terra, as bactérias preferem se estabelecer nos lugares do nosso corpo que lhes convêm. A microbiota é encontrada em toda parte na pele, no nariz (900 espécies de bactérias diferentes entre os excrementos), na boca, nas orelhas, nos olhos, nos brônquios e na vagina, se for uma mulher..

ESTE É O NOVO NOME DA FLORA INTESTINAL (MAS NÃO APENAS ISSO)

Um pouco de grego antigo para começar. Micro se traduz em pequeno e orgânico pela vida. A vantagem do grego é que ninguém fala, mas todo mundo adota e eventualmente entende.

Anteriormente, o termo flora intestinal era frequentemente usado para descrever o microbioma humano. Mas chegamos a entender que as bactérias não eram plantas e que elas não proliferavam apenas no intestino.

Leia também: FLORA INTESTINAL – ELA NÃO EXISTE

UM NOVO CAMINHO PARA ENTENDER MELHOR A SAÚDE HUMANA

Muitos cientistas concordam que os microrganismos que habitam nossos corpos ainda representam uma importante conexão inexplorada com a saúde. Assim também, com o desenvolvimento e a evolução dos seres humanos.

Segundo eles, uma melhor compreensão desses elos fundamentais abriria novos caminhos para melhor compreender a doença humana, certos transtornos do desenvolvimento, aprender sobre nossa sensibilidade ou nossas reações a possíveis futuras pandemias, etc.

PERSPECTIVAS 

Estudos sobre o microbioma humano oferecem perspectivas muito interessantes para o futuro. Assim, até o momento, importantes descobertas foram feitas em relação à obesidade e microbiota intestinal.

Na verdade, especialistas já mostraram que ratos geneticamente suscetíveis à obesidade com certos micróbios na microbiota, foi uma clara tendência para a obesidade em comparação com camundongos ou ratos sem microbiota intestinal, e mesmo que eles comam menos.

Este ganho de peso é principalmente devido a um aumento na massa gorda e também acompanhada por diabetes tipo II que é causada pela obesidade. Essa pesquisa in vivo em animais é muito interessante, pois se essa correlação também for comprovada em humanos, haveria algumas possibilidades de reduzir a incidência de obesidade em humanos.

De fato, ao mirar as diferenças entre as duas bactérias, seria possível a microbiota intestinal de um ser humano, de modo a não promover a obesidade. Embora ensaios clínicos ainda estejam por fazer, por enquanto essa relação parece bastante conclusiva e o desenvolvimento de medicamentos apropriados poderia melhorar muito as condições de vida das pessoas predispostas à obesidade.

microbioma humano.

NÓS PODEMOS SEQUENCIAR

Como um genoma, um microbioma humano é, portanto, muito pessoal. Todos nós temos interesse em saber o seu próprio para saber se abrigamos bactérias patogênicas que podem causar doenças cardiovasculares, obesidade, diabetes, doença de Parkinson, câncer, bem como doenças de pele. Sim, tudo isso!

BACTÉRIAS E SAÚDE

Os cientistas sabem há alguns anos que as bactérias desempenham um papel importante na saúde e que algumas delas, conhecidas como patógenos, causam doenças.

Das dezenas de milhares de espécies bacterianas conhecidas no mundo, apenas cerca de 100 são patogênicas. Os cientistas estão agora estudando a nobre função das bactérias na proteção da saúde.

CONHECER UM AO OUTRO

Aprender em que consiste o microbioma humano é, de certo modo, conhecer-se mutuamente. Os microrganismos vivem em todo o corpo humano – há pelo menos dez vezes mais células bacterianas do que as células humanas.

microbioma humano

Mais de 1000 espécies de bactérias vivem em nós. Apenas a boca pode abrigar pelo menos 300 espécies de bactérias. O “metagenoma” (todo o material genético do corpo) compreende 100 vezes mais genes microbianos que os genes humanos.

O QUE NÓS SABEMOS

Alguns fatos já estão estabelecidos. Algumas bactérias ajudam a nos proteger de agentes patogênicos, às vezes literalmente tomando o lugar para evitar que se instalem. Outras bactérias, nos ajudam a absorver nutrientes ou servem como indicadores de nossa saúde.

Sendo assim, alterações e rupturas no microbioma humano de uma pessoa têm sido implicadas em várias doenças, como a doença de Crohn, vaginose bacteriana e obesidade.

TUDO É FEITO ANTES DE TRÊS ANOS

O desenvolvimento de nossa personalidade e nossas futuras neuroses são jogadas antes de três anos, ao que parece. Bem, ainda é discutido entre os pesquisadores para saber se é verdade. Por outro lado, entre os biólogos, já é acordado: o microbioma humano é construído antes de três anos.

Quando o bebê nasce, ele não tem bactérias. É níquel-cromo, hiper protegido do mundo exterior pela placenta. Mas assim que perfura as águas, é hora da festa. A microbiota vaginal enriquecida com lactobacilos ajudará a nos proteger.

Se passarmos pela saída de emergência com uma cesariana, teremos uma imunidade menos eficaz, mas as bactérias na pele da mãe e alguns micróbios em volta farão o truque.

Então, pelos próximos 36 meses, o bebê conhecerá novas bactérias que se instalarão em seu intestino e isso será diferente dependendo de onde ele vive.

RAZÕES PARA SER APAIXONADO PELO MICROBIOMA HUMANO

A palavra é recente, mas promete pesquisa. Em nosso intestino, temos cem bilhões de amigos que nos querem (em geral) bons.

microbioma humano

Todos ainda não sabem disso, mas recentemente, há uma década, fizemos uma descoberta tão importante quanto o genoma humano na década de 1990. Esse salto na pesquisa médica provavelmente terá um impacto significativo em nossa saúde mas também, como as biotecnologias desde a década de 2000, em nossa economia.

ESTÁ CRESCENDO CADA VEZ MAIS E JÁ É TÓPICO PARA AULAS DO ENSINO BÁSICO NOS EUA

Os Estados Unidos, como de praxe, são apaixonados pelo microbioma humano e não estão prontos para parar. Todas as escolas primárias do país, já trabalham com o tema em aulas de ciências.

Como resultado, há um processo clássico nas inovações em saúde.

É UM NOVO MERCADO DO SÉCULO

Em todo o mundo, equipes de pesquisa estão trabalhando na modificação do microbioma humano para curar ou prevenir doenças. Mais de 100 produtos estão atualmente em estudos clínicos.

As curvas das publicações científicas sobre o microbioma humano replicam quase de forma idêntica as progressões das publicações de biotecnologia há vinte anos, observam os especialistas.

microbioma humano

Estima-se que até 2030, as terapias relacionadas a microbiomas devem valer mais de 10 bilhões de dólares.

E QUANTO AOS ANTIBIÓTICOS?

Esse entusiasmo pela pesquisa sobre o microbioma humano e suas promissoras descobertas levanta outro importante debate: devemos reconsiderar como os antibióticos são usados na medicina moderna, sabendo que eles estão atacando tanto quanto os bons remédios? Bactérias ruins? 

VISITE NOSSO SITE E CONHEÇA NOSSOS PRODUTOS!

Publicado em

MICRORGANISMOS E A NOSSA SAÚDE

microrganismos

Como os microrganismos que vivem em nossos corpos estão intimamente ligados à nossa saúde?

Para responder a essa pergunta é muito importante compreender que as células de nosso organismo não são compostas apenas por células humanas.

MICROBIOMA HUMANO

Nosso microbioma, que veio à luz em 2012, mudou a maneira de vermos os microrganismos. Antes os enxergávamos sempre como patógenos, inimigos, intrusos, e sempre atacávamos com antibióticos.

Hoje, com essa nova visão do microbioma humano, talvez os intrusos sejamos nós.

Podemos até mesmo dizer que nós estamos “casados” com eles, os microrganismos. Sendo assim, quando comemos devemos pensar neles. Desde a boca, com a mastigação, eles já começam a promover benefícios para nós, fazendo com que absorvamos de forma melhor os nutrientes de nossa alimentação.

Dessa maneira, trilhões de bactérias, vírus e fungos, que moram em nossos corpos, agem produzindo compostos que somos incapazes de produzir. As moléculas que eles produzem são rapidamente absorvidas em nossa corrente sanguínea. Logo, as alterações desse microbioma provocam doenças que vão desde câncer de cólon até distúrbios neurológicos. No intestino as bactérias têm um papel importante até mesmo em transtornos como depressão, autismo bem como em doenças neurodegenerativas, como o mal de Parkinson. Sendo assim, elas agiriam como uma espécie de mão invisível em nossos cérebros. E é isso que os pesquisadores do mundo inteiro estão investigando: o papel dos trilhões de microrganismos que vivem em nós – nosso microbioma – e como eles afetam a nossa saúde física.

Leia também: KEFIR E IOGURTE – SAIBA A DIFERENÇA

MICRORGANISMOS E A MICROBIOTA INTESTINAL

Uma microbiota intestinal rica e diversa promove a saúde. Dessa maneira oferece ao hospedeiro humano muitas competências para prevenir várias enfermidades. Em contraste, a baixa diversidade do ecossistema intestinal é um aspecto característico de doenças crônicas. Essas doenças incluem obesidade, diabetes, asma bem como desordens inflamatórias intestinais.

Há evidências que as populações ocidentais possuem uma menor diversidade em sua microbiota intestinal que os nativos de certas regiões da África e da Amazônia. Uma possível explicação para isso pode ser o uso indiscriminado de antibióticos no tratamento de doenças infecciosas. Já é comprovado que o uso contínuo de antibióticos de amplo espectro oferece risco à nossa microbiota intestinal. Este uso diminui a diversidade microbiana e provoca efeitos adversos à saúde.

Compreender como os nossos microrganismos respondem às mudanças em seu ambiente físico, é um grande avanço. Pois, isto embasa a projeção de probióticos como terapêuticos que possam tornar nosso microbioma mais resiliente.

Enquanto os pesquisadores continuam estudando esse maravilhoso mundo microbiano que habita em nós, vamos fazer a nossa parte e tomar rotineiramente nossos probióticos. Eles podem vir em formas de fermentados como o Kefir, a Kombucha, o missô e alguns tipo de iogurtes. Nossa saúde está intimamente ligada ao equilíbrio desses probióticos dentro de nós.

Assim, agora sabemos que não estamos sozinhos nunca. Nosso corpo é o lar desses microrganismos. Precisamos cuidar bem deles.

CONHEÇA NOSSOS PRODUTOS!

REFERÊNCIAS:

Biophysical Society. “Gut reactions to improve probiotics: The bacterial makeup of gut flora in mice is resilient in some ways but fragile in others.” ScienceDaily. ScienceDaily, 12 de novembro de 2018.

www.sciencedaily.com/releases/2018/02/180220143458.htm

Albert Palleja et al. Recovery of gut microbiota of healthy adults following antibiotic exposure. Nature Microbiology, 2018; 3 (11): 1255 DOI: 10.1038/s41564-018-0257-9